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António Quadros Ferreira

 

 

 

A investigação dá a conhecer o acto de criar?

 

A investigação em arte tem o objectivo, não só de tornar mais nítida a consistência teórica da prática artística, como a de tornar a obra de arte mais polissémica. Se da criação depende aparentemente o objecto – enquanto expressão de uma prática, e se da investigação depende uma especulação sobre os contextos desse mesmo objecto – enquanto expressão de uma teoria, que relação e contaminação, então, entre investigação e criação?

 

A viagem antes da viagem (ou processo antes do processo) é já o lugar de uma espécie de ruptura nómada, ou a ideia de viagem como enunciação da não viagem, por exemplo, que nos permite pensar a imagem como lugar-mãe de todo o pensamento. Mãe e condição de um pensamento que acciona o processo como lugar da intenção e da extensão: a viagem que se pensa e que se faz é verdadeiramente a viagem de um caminho único e singular – caminho que orienta aquilo a que designamos de método ou de metodologia e que mais não faz do que caracterizar a especificidade do que é irrepetível – o exercício da arte e da pintura. É já em caminho de projecto que se revela o processo de uma certa itinerância dos objectos (picturais), nas suas progressões e regressões, nas suas sístoles e diástoles, nas suas rupturas e (des)continuidades.

 

Caminho, o da viagem, que parece dar sentido à investigação.

 

A investigação dá a conhecer o acto de criar? Ou a investigação parece ser antes o lugar-território da criação dando a conhecer, tanto o objecto artístico, como a sua recepção? A investigação que é inerente à criação, é o mesmo que criação? É o mesmo que lição onde emerge a convergência unitária e plural entre a investigação na criação, e a criação na investigação?

 

De que modo a investigação dá a conhecer o acto de criar?

(29.12.2014)

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