Eduardo Paz Barroso
A pintura e o cinema: interrogações e derivações
Pensar a Pintura a partir do Cinema, mais do que um exercício de aproximação de estéticas e linguagens, mais do que uma interpelação do valor comunicacional da imagem, da sua relação com o movimento, é - ou pode ser – um acto de radicalização do estatuto contemporâneo do significado do olhar. Interrogar a pintura tal como ela se “pratica” e “teoriza”, num ciclo histórico de finitudes várias, e privilegiar o Cinema, nas suas vertentes e metamorfoses, como lugar/miradouro dessa pergunta, implica investigar uma teia de afinidades às quais não são alheias as preocupações e as sugestões que hoje fazem entrar o Cinema no Museu de Arte Contemporânea. O caso da exposição de (e não exactamente sobre) Manoel de Oliveira no Museu de Serralves em 2008 é disso um excelente exemplo. O objectivo deste contributo é então de equacionar e propor uma reflexão sobre entendimento da crítico da relação entre cinema e pintura. Em síntese: porque é que existe pintura no cinema? Porque é que a memória do cinema se cruza de forma prolixa com a arte contemporânea?
(29.1.2015)