Joaquim Pinto Vieira
O Tema na Pintura
Este projeto de associação de artistas e intelectuais para pensarem em conjunto a pintura implica naturalmente, isto é, inevitavelmente a conjunção da cognição, do sentimento, da perceção e da intuição. Isto é invulgar para não dizer inédito. Vamos pois ver o que dá. A estratégia de desenvolvimento dum projeto de investigação desta natureza terá, a meu ver, de procurar ser inclusivo, isto é, não segregar tacitamente, e ser diferenciador, isto é, apontar as diferenças. Isto pode parecer ilusório ou meramente um discurso. Se calhar é.
Dando seguimento ao processo acordado com base na proposta de AQF. Interessa-me participar num estudo sobre o papel do TEMA NA PINTURA. As questões a seguir enunciadas dão conta do que julgo serem as áreas de interesse associadas ao assunto.
O que se considera ser o Tema em pintura?
Qual é a tradição do uso do Tema como motor da produção da pintura?
O Tema transporta em si modalidades metodológicas?
O Tema na representação é igual ao Tema na abstração?
O modernismo veio vilipendiar o conceito e o efeito do Tema?
Nas outras disciplinas artísticas o Tema tem uma função e uma relação concetual e metodológica diferente do que se passa nas artes plásticas?
O tema determina o quadro concetual da pintura ou da obra, ou o quadro concetual cria limitações Temáticas?
A presença do Tema na produção da pintura do Século XX é significativa e significante?
Podemos considerar que uma obra centrada na presença do Tema como motor da ação tenderá a ser ontologicamente diferente de uma obra em que o motor é o conceito?
Os Temas têm iguais valências ou há Temas fortes e fracos?
Nos temas : A Crucificação– Tema fechado; natureza morta – Tema aberto; paisagem– Tema genérico, que importância ocupam a estética, a simbólica, a poética?
Quais são as obras e os autores que têm tratado o assunto, em especial neste tempo?
Poderemos compreender melhor a obra se conhecermos melhor a fenomenologia determina pela presença ou pela escolha do Tema dentro de certos contextos artísticos. Por ex.. Porque escolheu Marques de Oliveira um certo moinho, num certo regato para pintar uma paisagem dentro da estética e da ética naturalista? Ou porque Almada quando desenha o casal de namorados ou amantes tenta dar uma tonalidade poética sentimentalmente neutra (modernista).
Embora se coloquem aqui algumas interrogações sobre um assunto, é evidente que qualquer processo ou projeto de investigação deverá tratar um âmbito restrito. Por ex., as relações do Tema com a estética. As relações do Tema com a poética. As relações do Tema com a inovação artística (estética, poética e simbólica) as relações do tema com a socialização da obra. Como se sabe o tema pode ser e foi normalmente o centro da “encomenda”. Mas pode não o ser. Pode ser uma técnica, um instrumento, uma modalidade, uma função, etc.
Como é evidente no Tema surgem muitos Subtemas que se podem e devem tratar em equipa. Mas sobre processos, metodologias e deontologias noutra oportunidade se poderá fazer considerações.
(30.12.2014)