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Manuel Botelho

 

 

 

Projecto artístico

 

As raízes recentes da aplicação do conceito de «projeto» ao domínio da criação artística podem procurar-se nas teorizações que serviram de base à arte mais avançada das décadas de 1960-70. Esse foi um momento de clarificação. Num evidente paralelismo com o que se passa em muitas outras áreas, o princípio de que o «conceito» (ou, dito de um modo mais abrangente, o «projeto»), deveria anteceder a realização física, generalizou-se; passou a estar presente, de forma explícita ou implícita, em praticamente toda a atividade artística posterior. Tal como noutros domínios, pensar/fazer arte é hoje indissociável dessa etapa de arranque, desse «algo que acontece antes», dessa formulação que permite antecipar um resultado, uma configuração futura, seja ela qual for. E no entanto…

 

No entanto a arte permanece um território aberto. Vive (e viverá) da surpresa, de conexões imprevistas com a vida ou consigo própria. Daí a necessidade de repensar, neste domínio, a ideia de projeto, olhando-o como uma estrutura flexível que não obedece aos princípios rígidos dos domínios tecnológico ou científico. Pensar a criação/investigação em pintura depende, em parte, da clarificação desta questão estruturante.

(20.1.2015)

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