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Mário Bismarck

 

 

 

O Desenho no espaço do “não saber”

 

“O que não se pode falar, deve-se calar.“

Wittgenstein, última frase doTractatus Logico-Philosophicus

 

1. Com a entrada da escolas de arte nas universidades, e de acordo com o “l’air du temps” que promove o “artista-reflexivo”, assistiu-se à enfatização da “investigação” (campo de actuação na carreira universitária) como palavra determinante. Assim tem-se assistido a uma tendência de colocar, entre os “artistas”, a investigação (em arte, em “pintura”, etc.) como o campo fundador e primeiro de construção de um enquadramento teórico, de contextualização, de coerência, de métodos normativos, de racionalidade especulativa, justificativa e apriori da “actividade artística”, em suma, a uma tentativa de “cientificizar” e/ou “explicar” a arte no âmbito universitário (de que o chamado “doutoramento por obra” é um exemplo complexo).

Ora estou convicto que a criação artística e a investigação em arte pertencem a mundos diferentes que porventura se cruzam mas que são muitas das vezes antagónicos; a investigação pretende construir a coerência de um discurso de conhecimento e de verdade e estas duas palavras não são entendidas com o mesmo valor semântico no campo da arte: o “conhecimento” em arte não é avaliável nem “científico” e a “verdade” em arte será coisa que (felizmente) não existe.

2. Assim sendo, à partida, coloco dois tipos de assuntos:

a) contrariando a tendência acima descrita, há toda uma corrente de opiniões que a contesta (maioritariamente oriunda dos próprios artistas), de que o recente livro ”On not knowing. How artists think” (Elizabeth Fisher e Rebecca Fortnum, Black Dog Publishing, 2013), é um exemplo e que pode justificar a vontade de “teorizar” contra a excessiva validação da teoria (de que a questão da linguagem e da palavra como elemento hegemónico é relevante).

b) Como se coloca o “Desenho” neste problema, a partir do momento em que o afastemos do campo da “arte”, i.e., que o consideremos não como fim mas como “interface”.

(30.12.2014)

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