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Paulo Luís Almeida

 

 

 

Pintura Subjacente - estratégias performativas na mediação e recepção da pintura na arte contemporânea portuguesa

 

A relação da pintura com outros campos criativos tem sido historicamente caracterizada por um duplo movimento. Por um lado, a pintura como modelo conceptual que empresta as suas bases imagéticas, compositivas e processuais a outras práticas – da fotografia ao vídeo, da instalação ao digital, da performance às práticas quotidianas. Por outro lado, a pintura como o espaço de possibilidades que adopta padrões de outros processos, meios e suportes artísticos, substituindo-os nos seus próprios contextos e circunstâncias de recepção.    

Esta condição de visualidade mediada – o processo de atravessar meios e práticas diversas para concluir com uma pintura (Weibel, 1995) – é um hoje um factor fundamental para um conhecimento situado da pintura, que reconheça que o seu impacto cultural não pode ser experimentado como um evento isolado de outros meios, do mesmo modo que nenhum meio significa isoladamente de outras formas sociais e culturais.    

Este projeto explora as circunstâncias desta visualidade mediada no projecto criativo de artistas contemporâneos portugueses, que caracterizam o seu trabalho como obra pictórica.    

Em concreto, a investigação propõe-se como um espaço de experimentação e análise desta visualidade mediada, quando resulta das interferências de processos performativos na prática da pintura. Esta mediação será explorada em dois sentidos:

- Um é pragmático, e refere-se às situações em que a pintura é realizada como extensão de um contexto performativo, enquanto artefacto, documento, rememoração ou mediação do processo performativo.

- O outro é retórico, e concerne às estratégias de recepção da pintura que esta condição mediada comporta; em concreto, quando explora a possibilidade de expansão da pintura pelo espaço performativo do museu ou do quotidiano, enquanto efeito resultante do uso da cor, da figuração e da performatividade do corpo como formas de interpelação com o observador.      

 

Do ponto de vista experimental, pretendemos desenvolver um corpo de obra que reflita, enquanto conhecimento situado, sobre esta performatividade medial da pintura.    

Do ponto de vista analítico, a investigação decorrerá em duas fases principais: entrevistas de artistas portugueses onde esta mediação é assumida como fundamento criativo da sua prática, e respetiva análise; reconhecimento e estudo das estratégias de exposição e recepção da pintura nos museus e galerias portuguesas, em exposições da última década, que interfiram conscientemente com o espaço performativo onde a relação com o observador se estabelece.   

(9.1.2015)

CV
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