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Ricardo Leite

 

 

 

O Auto-Retrato

 

Desenvolvo o meu trabalho dentro de um universo canónico de há muito codificado. Posso dizer que os meus interesses, enquanto pintor, circunscrevem-se nos géneros Retrato, Auto-Retrato e Nu. Se articularmos estes domínios pictóricos das classificações acima mencionadas com um outro aspeto, que é a observação ao natural, o tema aqui apresentado ainda se torna mais formatado.

Todavia, considerando ser a observação do natural, ou seja aquela que é realizada na presença do motivo, dentro dos géneros pictóricos referidos, um aspeto metodológico relevante, apresento o Auto-Retrato como tema principal da minha participação. 

Boa parte da pintura de Auto-Retrato pressupõe a existência de um (ou mais) espelho(s). As conquistas tecnológicas dos produtores de espelhos garantem, hoje, a alta qualidade da reflexão. A imagem refletida parece, por vezes, ser o prolongamento do espaço real. Contudo, diante da sua própria imagem, o pintor, nem sempre se deixou escravizar pela mera reprodução ótica da sua face. Para além dos célebres auto-retratos de Rembrandt, cuja quantidade até hoje surpreende, outros artistas o praticaram sem que o realismo ótico fosse a prioridade. Se assim era antes do aparecimento da fotografia, depois, não mais a pintura enveredou por tentar alcançar as proezas do “olhar fotográfico”.

 

CV
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